A chuva cai mansa lá fora
E torrente lava-gente
A gente e o imanente dentro da gente
O impermanente; o permanente dos cabelos – tentáculos em todas as direções
Fã obsoleto
Raio que corta e mata
E chuva mansa na mata
A fruta que brota no meu quintal
O hóspede , o visitante que a come, que cospe , que afaga e que arranca
O perto, e de tanto medo do perto; o longe
Ou tão tão longe de tão perto
Cabaça canoa , taça que leva essa água corrente é o meu corpo
Pedra dura e lisa, gosta de ser alisada
Pedra-dor , predador de mim mesma
Garganta profana e profunda
Quer lamber todos os potes até chegar ao néctar…
Eu , como uma uva -passa , serei eroticamente lambida dos pés à cabeça
Um sopro tesão dessa criação!
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